Falta de segurança obriga Angola a retirar membros que verificam pacificação no leste da RDCongo

O Ministério das Relações Exteriores angolano anunciou esta segunda-feira que, face ao “agravamento do conflito” no leste da República Democrática do Congo, procedeu à retirada dos 22 membros das duas entidades incumbidas de apoiar o processo de pacificação naquela região.

As duas entidades são o Mecanismo `Ad-hoc` de Verificação Reforçado (MAVR) e o Mecanismo Conjunto de Verificação Alargado (MCVA), da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).

“Face ao agravamento do conflito naquela região, em particular na cidade de Goma, aonde estavam sediados, essa medida foi desencadeada numa ação concertada com os Governos da RDCongo e do Ruanda”, tendo os membros das duas entidades chegado às primeiras horas desta segunda-feira, 27, a Luanda a bordo de um avião da Força Aérea angolana, acrescenta-se no comunicado.

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Angola detém atualmente a presidência da CIRGL e é o facilitador designado pela União Africana para mediar as tensões político diplomáticas e de segurança entre a RDCongo e o Ruanda.

O MAVR e o MCVA/CIRGL foram criados para apoiar o processo de pacificação no leste da RDCongo e integram membros dos países da região.

O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) reclamou hoje o controlo da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, no nordeste da RDCongo.

Em comunicado, a Aliança do Rio Congo (AFC-M23, em francês), uma coligação político-militar da RDCongo que integra o M23, anunciou um “dia glorioso que marca a libertação da cidade de Goma”.

Nos últimos dias ocorreram intensos combates entre o M23 e o Exército da RDCongo, que já provocaram milhares de deslocados.

A entrada na capital da província de Kivu do Norte, na fronteira com o Ruanda e onde vivem um milhão de habitantes e um milhão de deslocados, marca o fim de várias semanas de avanços dos soldados ruandeses e dos combatentes do M23 contra o Exército de Kinshasa.

A RDCongo acusa o Ruanda de pretender controlar os recursos naturais da sua região leste, contudo Kigali nega as acusações de Kinshasa.

Os combatentes do Movimento 23 de Março (M23) e 3.500 soldados ruandeses, segundo a ONU, entraram no domingo em Goma, onde estavam sitiados há vários dias, de acordo com várias fontes das Nações Unidas.

O Ruanda e o M23 acusam o Exército da RDCongo de cooperação com o grupo rebelde Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados.

A atividade armada do M23 recomeçou em novembro de 2021 com ataques contra o Exército democrático-congolês no Kivu Norte, sendo que em março de 2022 o grupo iniciou uma ofensiva armada de grande escala.

Desde essa altura, o M23 avançou em várias frentes até chegar a uma posição perto de Goma, onde vivem dois milhões de pessoas.

Desde 1998, o leste da RDCongo enfrenta um conflito entre milícias armadas apesar da presença das Nações Unidas.

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