Atacante, campeão da Liga polaca, deve estrear-se, em Junho, pela selecção da RDC, colocando um ponto final na indefinição sobre o país (entre os vizinhos) por que optaria.
Nunca o nome de Afimico Pululu ecoou tanto nos corredores do futebol angolano como o foi por altura do útimo compromisso dos Palancas Negras de corrida ao Mundial 2026, em Março, em Luanda, e que acabou da pior forma para os angolanos: derrota em casa diante de Cabo Verde, e contas complicadas no sonho do regresso à maior montra do futebol mundial.
Bastante referenciado na Polónia – foi, recentemente, campeão pelo Jagiellonia Bialystok da principal Liga daquele país e terminou no 4.º lugar da ‘artilharia’ do campeonato –, o talentoso canhoto era a principal novidade dos convocados para a partida contra os ‘tubarões azueis’.
Por aquela altura, pouco ou nada se sabia oficialmente sobre as razões que levaram a que Pululu não viajasse para Angola para a tão aguardada estreia pelos Palancas. Informações até aí nunca desmentidas associavam a sua ausência a uma indefinição quanto ao país por que iria alinhar: Angola ou RDC, sendo o primeiro o local onde nasceu e o segundo a terra dos pais.
Não passou muito tempo para que as dúvidas fossem dissipadas. Eis que, numa entrevista à RFI, divulgada em Abril, o criativo atacante – o goleador, com oito tentos, da League Conference (a final joga-se a 28 deste mês entre o Betis e o Chelsea) – confessou que cresceu “no estilo congolês”, dando pistas claras sobre o seu destino em termos de selecções.
E, dias após estas declarações, feitas ‘balde de água frica’ para as hostes dos Palancas Negras, o nome do atacante viria, então, a constar da lista do seleccionador dos ‘Leopardos’, Sebastien Desabre, para o duplo amigável nos dias 5 e 8 de Junho próximo, diante das similares do Mali e Madagáscar.
“Estou, realmente, muito orgulhoso e honrado. Um sentimento que não consigo explicar. Imaginar-me vestindo esta camisa, que alegria!”, declarou Afimico Pululu à imprensa congolesa, reagindo, assim, à chamada para representar as cores do país vizinho, a República Democrática do Congo.
Nesta quarta-feira, 21, em Luanda, Pedro Gonçalves, o treinador português que orienta os Palancas Negras e que esteve directamente envolvido nas negociações para convencer Pululu a vestir a camisola de Angola, reagiu ao episódio, reprovando a atitude do jogador.
Em conferência de imprensa, que serviu para o lançamento dos próximos compromissos dos Palancas Negras, partucularmente no torneio regional Taça COSAFA, o seleccionador nacional recordou que há muito tempo, precisamente em 2020, se lançou à pretensão de integrar o atacante de 25 anos na selecção angolana.
“Convidei e acreditava na capacidade dele de poder, obviamente, fazer um percurso connosco. Não foi para mim surpresa, no fundo, a ascensão desportiva do Pululu. Mostrou-se comprometido a determinada altura deste trajecto, mostrou uma grande vontade de fazer parte, e, portanto, para surpresa de todos nós, esta realidade…. lamento imenso!”, desabafou.
Para Pedro Gonçalves, “não é este o tipo de comportamento” que o seu elenco técnico e a direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF) cultivam no espaço da selecção de Angola, acreditando, igualmente, “não ser este o tipo de postura que todos os angolanos gostam de ver” no seio da sua selecção.
“Seguimos o nosso caminho com quem muito quer representar Angola e que está absolutamente comprometido em dar o seu melhor em prol da nação. Não há muito mais a dizer. Fico muito feliz é com aqueles que desejam muito aqui estar e que fazem tudo para dar o seu melhor diariamente, para elevar as cores de Angola e para sermos melhores hoje e amanhã”, observou.