Angola cria fundo de garantia de 120 milhões de dólares para Corredor do Lobito

O governo de Angola vai criar um fundo de garantia de 120 milhões de dólares (cerca de 113,5 milhões de euros) para as empresas que queiram investir em projetos no Corredor do Lobito, disse o ministro do Planeamento à agência Lusa.

Segundo Victor Hugo Guilherme “Vamos criar um fundo de garantia de crédito para que os bancos possam emitir garantias aos empresários que queiram investir ao longo do Corredor do Lobito nas diversas áreas, como agricultura, indústria e comércio”.

Questionado sobre o valor deste fundo que serve de garantia para os investidores, o ministro do Planeamento de Angola disse que o fundo será dotado de 120 milhões de dólares, mas salientou que “com engenharia financeira” o valor destas garantias, que podem também ser empréstimos para investimentos, poderá aumentar.

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O corredor do Lobito vai ligar o porto de Lobito, em Angola, e a Zâmbia, passando, a norte, pela República Democrática do Congo (RDCongo), numa via férrea que será alargada e, na parte já construída, melhorada.

O corredor, disse o governante, é visto de maneira diferente consoante se trate da comunidade internacional, ou dos próprios angolanos: “Para a comunidade internacional, o corredor não é mais do que ir buscar minerais estratégicos à Zâmbia e à RDCongo, e usar o caminho de ferro de Benguela para escoar para o Ocidente e para a América, mas nós vemos o corredor numa outra dinâmica”, disse.

Para o governo angolano, o Corredor do Lobito “é um projeto mais integrado e estruturado que será aproveitado para benefícios específicos de Angola”, que passam pela utilização do trajeto para escoar a produção nacional e criar polos económicos ao longo da linha que atravessa o país longitudinalmente.

O objetivo é “chamar os investidores para investirem ao longo desta linha, desenvolverem a indústria de transformação mineira e criar escolas técnicas e tecnológicas para dar suporte ao que estiver ao longo do corredor”, disse Victor Hugo Guilherme.

O projeto, que tem atraído bastante interesse dos investidores internacionais, nomeadamente dos Estados Unidos da América e da União Europeia, deverá, segundo o governante, depois ser replicado também mais a sul de Angola, aproveitando o conhecimento acumulado com o desenvolvimento da iniciativa no centro do país.

“O corredor do Lobito corta o país em duas partes, mas queremos, dentro do plano de desenvolvimento do transporte ferroviário, lançar o corredor do Namibe, que vai do porto de Moçâmedes até à província de Cuando Cubango; vamos lançar o projeto como se fosse uma cópia do corredor do Lobito, dentro em breve vamos licitar esse corredor para equilibrar o que estamos a fazer no centro com aquilo que vamos fazer no sul”, concluiu o governante.

O Corredor do Lobito é o primeiro corredor económico estratégico lançado sob a égide da Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI), em maio de 2023, a que se seguiu a assinatura de uma declaração conjunta entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA), à margem da Cimeira do G20 de setembro de 2023 em Nova Deli, de apoio ao desenvolvimento do Corredor.

Em outubro do ano passado, durante o Fórum Global Gateway, a UE e os EUA assinaram – em conjunto com Angola, a RDC, a Zâmbia, o Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB) e a Corporação Financeira Africana (AFC) – um Memorando de Entendimento (MoU) para definir os papéis e objetivos para a expansão do Corredor.

A AFC é a promotora principal do projeto que vai ligar os três países africanos, e prevê-se que a linha férrea crie benefícios económicos de aproximadamente 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros) para os países, reduza as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano, e crie mais de 1.250 postos de trabalho durante a sua construção e as operações.

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