Líderes religiosos da RDC pedem a João Lourenço esforços para “rápida estabilidade” no país

O clero da República Democrática do Congo (RDCongo) em “diplomacia eclesiástica”, em Luanda, instou esta segunda-feira, 10, o Presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, a trabalhar para a paz e “rápida estabilidade” do seu país.

Uma delegação do clero da RDCongo, chefiada pelo presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (ENCO), Fulgence Muteba, foi recebida em audiência, pelo Presidente angolano, João Lourenço, no Palácio Presidencial em Luanda.

O atual conflito no leste da República Democrática do Congo norteou a conversa entre João Lourenço e os religiosos congoleses, como disse, no final da audiência, o reverendo Éric Nsenga, referindo que a sua deslocação se enquadra numa “diplomacia eclesiástica”.

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“Como sabem, a RDCongo está a viver um período difícil, um período de conflito, razão pela qual nós os prelados temos essa necessidade de falar com os diversos atores e hoje viemos ter com o Presidente João Lourenço, que um ator muito importante neste processo”, disse aos jornalistas.

Éric Nsenga destacou a figura de João Lourenço não apenas na qualidade de mediador do conhecido processo de Luanda – para a paz na RDCongo – mas também como atual presidente da União Africana.

“E pensamos que o Presidente João Lourenço poderá jogar um papel muito importante para podermos encontrar soluções para resolver esta crise que ainda está a pairar na RDCongo”, referiu, considerando que o chefe de Estado angolano já deu mostras de empenho neste processo.

João Lourenço, na qualidade de presidente da União Africana, será o “piloto” dos processos de Luanda e de Nairobi, como realçou o porta-voz da delegação, referindo que o Presidente angolano deve trabalhar na “base dos esforços já realizados” no sentido de se encontrar “rapidamente uma solução para esta crise que já dura há bastante [tempo]”.

“A nossa deslocação também tem a ver com o beber do exemplo de Angola, que passou quase uma situação praticamente similar à nossa, que estamos a viver, razão pela qual viemos beber da “expertise” dos angolanos como chegaram a pôr termo a essa situação”, concluiu o reverendo Éric Nsenga.

Nairobi é o local de um dos processos de paz lançados nos últimos anos para pôr fim à violência de mais de uma centena de milícias que operam no leste da RDCongo, enquanto uma outra iniciativa conhecida como processo de Luanda, sob a mediação do Presidente angolano, se centrou especificamente no conflito do M23.

No âmbito do processo de Luanda, foi acordado um cessar-fogo falhado entre as Forças Armadas da RDCongo (FARDC) e o M23 em 31 de julho de 2024.

A atividade armada do M23 – um grupo constituído maioritariamente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 – recomeçou em novembro de 2021 com ataques contra o Exército congolês no Kivu do Norte e, desde então, o grupo tem vindo a avançar em várias frentes, fazendo temer uma possível guerra regional.

O conflito entre a RDCongo e os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, intensificou-se nos últimos meses e o movimento armado ocupou em finais de janeiro a capital da província congolesa do Kivu do Norte, Goma.

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