O ministro do interior da República de Moçambique, Pascoal Pedro Runda, enviado especial de Filipe Nyusi a Luanda, fez chegar, nesta sexta-feira, 15 de novembro, uma carta ao Presidente angolano, João Lourenço, cujo teor não foi divulgado.
Segundo apurou o Carta de Angola, o governante moçambicano, saiu do encontro, na Cidade Alta, sem prestar qualquer declaração à imprensa local que esperava ouvir deste responsável sobre os mais variados acontecimentos à volta de protestos pós-eleitorais naquele país.
Informações ainda obtidas, avançam que, embora oficialmente descrita como uma visita para reforçar os laços de cooperação entre os dois países, a audiência ocorre num contexto de crescentes suspeitas sobre o envolvimento de Angola nas questões eleitorais moçambicanas.
Enquanto isso, o Guardião refere que fontes moçambicanas e analistas políticos têm acusado o governo angolano de apoiar a Frelimo, partido no poder em Moçambique, na repressão de protestos pós-eleitorais e na perseguição a figuras da oposição, como Venâncio Mondlane. Acredita-se que os serviços secretos angolanos desempenham um papel direto nessas ações, o que levanta questionamentos sobre a neutralidade de Angola em relação ao processo político moçambicano.
Em comunicado divulgado na página oficial da Presidência angolana no Facebook, foi afirmado que a reunião discutiu “temas de interesse comum entre Angola e Moçambique, reforçando os laços de cooperação bilateral e a parceria histórica entre os dois países”. Contudo, analistas interpretam a visita como parte de uma estratégia para consolidar o apoio ao governo moçambicano em meio a tensões políticas internas.
A alegada interferência angolana nas eleições moçambicanas coloca o governo de João Lourenço sob escrutínio, com críticos a alertarem que tais ações podem comprometer a estabilidade política na região e a imagem de Angola como mediador regional.