As atenções da comunidade internacional e, em particular, do continente africano, estão voltadas para Moçambique, onde a 9 de outubro ocorrerão as eleições presidenciais, legislativas e provinciais.
Em meio a um contexto político e social marcado por desafios significativos, como a tensão entre os principais partidos e a situação de segurança no norte do país, a União Africana (UA) designou uma missão de observação eleitoral para monitorar o processo.
A missão será chefiada por Bornito de Sousa, ex-vice-presidente da República de Angola, numa clara demonstração do compromisso africano com a transparência e a legitimidade dos processos democráticos no continente.
A missão, composta por observadores de curto prazo, inclui representantes de diversos setores da sociedade africana: embaixadores acreditados junto à UA, funcionários de órgãos de gestão eleitoral, membros de organizações da sociedade civil africana, especialistas em eleições, género, meios de comunicação social, e representantes de organizações de mulheres e jovens. Estes observadores são provenientes de 20 países africanos, incluindo Angola, Botsuana, Guiné Equatorial, Etiópia, África do Sul, e Nigéria, entre outros, refletindo uma representatividade continental robusta.
Bornito de Sousa: A Escolha da União Africana
A escolha de Bornito de Sousa para liderar esta missão reveste-se de particular significado. Com uma longa trajetória política em Angola, que culminou no seu mandato como vice-presidente da República, Sousa traz consigo uma vasta experiência em processos políticos e administrativos. Durante seu tempo no governo angolano como ministro da Administração do Território, desempenhou papéis importantes em momentos decisivos da vida política do país, incluindo a coordenação de processos eleitorais complexos. Seu conhecimento da dinâmica política africana e sua credibilidade internacional fazem dele uma escolha ideal para liderar uma missão com o peso e a responsabilidade de garantir a lisura de um evento político tão significativo quanto as eleições moçambicanas.
Ao longo dos últimos meses, Bornito de Sousa tem sublinhado a importância da neutralidade e imparcialidade dos observadores, como elementos fundamentais para assegurar que o resultado reflita a vontade do povo moçambicano. Sua liderança nesta missão não só reforça o papel de Angola como um ator diplomático relevante na África, mas também mostra o empenho da União Africana em reforçar os mecanismos democráticos em todo o continente.
Um Processo Eleitoral Complexo
As eleições em Moçambique têm lugar num contexto complexo. De um lado, o governo liderado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido que tem dominado a política do país desde a independência, busca renovar seu mandato. Do outro, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) continua a ser o principal partido da oposição, com uma base de apoio significativa, mas enfrentando seus próprios desafios internos. Além disso, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) tenta consolidar sua posição como terceira força política.
Acrescenta-se a isto a instabilidade no norte do país, onde o conflito armado em Cabo Delgado afeta milhares de cidadãos, criando incertezas quanto à possibilidade de realização de eleições em algumas zonas. A segurança, portanto, será um fator crucial a ser avaliado pela missão de observação, que também terá o papel de monitorar como as autoridades moçambicanas garantirão o direito ao voto em áreas potencialmente afetadas pela violência.
Os observadores da MOEUA têm a missão de acompanhar todas as fases do processo eleitoral, desde a campanha até a apuração dos votos. A sua presença nos locais de votação visa garantir que as normas e procedimentos sejam respeitados, que os eleitores possam exercer livremente seu direito de voto e que as instituições encarregadas do processo, como a Comissão Nacional de Eleições (CNE), actuem de maneira imparcial.
A missão também terá a responsabilidade de emitir um relatório final, que será crucial para a avaliação da comunidade internacional sobre a legitimidade das eleições. Este documento analisará todos os aspectos do processo, incluindo possíveis incidentes ou irregularidades que possam vir a comprometer os resultados.
À medida que Moçambique avança para mais uma eleição, as expectativas tanto internas quanto externas são de que o processo decorra de maneira pacífica e democrática. A presença da União Africana, através da missão liderada por Bornito de Sousa, é um indicativo de que a comunidade africana está atenta ao desenrolar dos acontecimentos no país e empenhada em apoiar a sua estabilidade política. OG