Vinte e cinco membros do Hospital Pediátrico David Bernardino, entre os quais médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica e três membros da equipa de segurança privada estão suspensos das actividades, por suspeita de envolvimento num caso de negligência médica, ocorrido a 1 deste mês, informou, domingo, o inspector-geral da Saúde.
Solino Joel disse que os implicados são acusados de estarem envolvidos no caso de negligência médica que resultou na morte de um menor de dois anos, que deu entrada no Banco de Urgência às 23h00 do dia 1 deste mês, acompanhado pelos pais, com traumatismo crânio encefálico grave.
O menor, continuou, sofreu uma queda do primeiro andar de uma residência, na Centralidade do Kilamba, e foi levado de urgência até ao hospital, onde, por falta de cuidados imediatos, acabou por morrer às 6h40 do dia 2 deste mês.
A denúncia, disse, se tornou pública, por meio das redes sociais. Com base nos dados colhidos, referiu, o menor só foi atendido 1h38 depois de chegar ao hospital. “Num caso de emergência grave, os protocolos vigentes recomendam o atendimento imediato”, disse.
Pela denúncia, explicou, o Ministério da Saúde indicou uma equipa para o esclarecimento e apuramento do caso, cuja investigação conta com membros da área de Saúde, do Serviço de Investigação Criminal (SIC), da direcção do Hospital, do Serviço de Humanização do Ministério e da Direcção da Inspecção da Saúde.
“Em função da gravidade do caso, com o objectivo de apurar os factos e as responsabilidades, sem descurar a presunção de inocência, o Ministério da Saúde implementou e criou medidas para o esclarecimento do caso, por meio da criação de uma comissão de inquérito para apuramento dos factos”, disse, além de anunciar a suspensão preventiva da equipa em serviço e a instauração do processo disciplinar. “Caso seja provado, estes trabalhadores vão ser responsabilizados”.
Enquanto decorrer a investigação, frisou, a equipa médica em serviço vai ficar suspensa das funções. O processo de inquérito, disse, começou com a recolha de dados dos 22 profissionais e destes já foram ouvidos cinco, assim como a direcção clínica do hospital.
Em relação ao tempo do inquérito, acrescentou que a comissão indicada está a trabalhar para o término do trabalho de investigação em até dez dias úteis. “Após o término da investigação, vamos levar os dados ao Ministério da Saúde e aos órgãos competentes, como a Procuradoria-Geral República, a Ordem dos Médicos e dos Enfermeiros, para o devido tratamento aos infractores”, ressaltou o responsável citado pelo JA.
De salientar que o caso anterior de negligência a assistência médica e medicamentosa ocorreu em Novembro do ano passado e envolveu uma paciente de 30 anos e o bebé, que foi submetida a uma cirurgia para a realização de trabalho de parto de forma errada.
No campo da Tolerância Zero ao atendimento não humanizado dos utentes, decretada em Outubro de 2023, o Ministério da Saúde tem estado a reafirmar o compromisso de continuar a zelar pelos mais altos padrões de responsabilidade no atendimento de todos os que acorrem às unidades sanitárias.