Fundo Soberano e Mitrelli investem 100 milhões de dólares no Corredor do Lobito

O Grupo Mitrelli e o Fundo Soberano de Angola criaram um capital inicial de 100 milhões de dólares e “equity” para a criação da Plataforma de Desenvolvimento de Negócios do Corredor do Lobito,na perspectiva de recorrer ao mercado das obrigações para contrair uma dívida de mil milhões de dólares destinada à materialização do projecto.

A informação foi avançada pelo presidente do Grupo Mitrelli, Haim Tahib, revelando que a empresa que dirige está a negociar com parceiros da República da Zâmbia e República Democrática do Congo no sentido de aferir a sua capacidade para também investirem no projecto, face à necessidade de atingir cerca de 300 milhões de dólares em equity necessários, para atingir um empréstimo de mil milhões de dólares.
Os valores do empréstimo, revelou o gestor citado pelo JA, serão investidos em todo o perímetro do Corredor do Lobito, ou seja, desde a cidade portuária, em Benguela, passando pelas províncias do Huambo, Bié e Moxico até à Zâmbia em projectos nos domínios da Agricultura, Agro-indústria, Energia e Águas, Educação, Saúde, Formação Profissional e fábricas de medicamentos.
Haim Tahib enfatizou a necessidade urgente do desenvolvimento da indústria farmacêutica, na medida em que o país precisa de ter autonomia em medicamentos, porque não pode continuar a depender da importação de remédios que podem ser produzidos no território nacional, assim como é imperativo apostar na construção de fábricas para o processamento local de minérios.
O investidor recordou que o continente perde importantes somas de dinheiro ao exportar as matérias-primas brutas e pelo facto de importar a maior parte dos produtos de consumo, uma realidade que, segundo disse, será ultrapassada a partir do momento que haver capacidade instalada para o processamento das matérias-primas na ordem dos 15 a 10 por cento na cadeia de valor.
Tahib disse que a mudança de paradigma é uma necessidade que se impõe, pois, nos dias actuais, os produtos provenientes do continente africano são processados na China antes de serem vendidos para os Estados Unidos e Europa. “As fábricas podem ser criadas aqui, porque a indústria transformadora vai ajudar a mudar as economias do continente em geral e do país em particular”, disse.
Na óptica do gestor, o Corredor do Lobito representa um dos maiores activos da região Austral do continente e vai impulsionar o processo de diversificação da economia gizado pelo Executivo angolano, assente em projectos estruturantes sustentáveis, “razão pela qual decidimos criar a Plataforma de Desenvolvimento de Negócios (Lobito Corridor Development Platform, em Inglês)”.
“ A Cimeira de Negócios Estados Unidos-África foi um evento marcante, em que todos estes aspectos foram abordados de forma exaustiva. Os Estados Unidos olham para África como um parceiro de desenvolvimento económico e não como simples fonte de matérias-primas, o que deixa subjacente uma mudança de paradigma muito positiva na maneira como os americanos encaram as relações comerciais”, sustentou convencido Haim Tahib.
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