O ministro dos Transportes, Ricardo D´Abreu, esclareceu, esta sexta-feira, no Huambo, que o financiamento do Corredor do Lobito “não depende exclusivamente dos Estados Unidos da América”, pois tem uma concessão operada pela “Lobito Atlantic Railway”.
Em declarações à ANGOP, sobre as informações postas a circular em alguns sites e plataformas digitais de que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou o financiamento ao Corredor do Lobito, o governante disse não corresponder à verdade.
Informou que uma das coisas feitas pelo Presidente Trump foi colocar em “stand by” um conjunto de acções que estavam a ser desenvolvidas por agências de ajuda norte-americana, em particular, a USAID, que, por sua vez, não tem nada a ver com o Corredor do Lobito.
Ricardo D´Abreu explicou que a concessão operada pela Lobito Railway tem estado a fazer os seus investimentos, por via do capital dos seus accionistas, mas, obviamente, que o financiamento para cobrir todas as responsabilidades de investimento será feito por uma instituição de desenvolvimento americana.
Acrescentou que esta instituição norte-americana tem trabalhado com o Governo angolano, inclusive até ontem, pois não há nenhum indício de que esteja suspenso como as notícias têm estado a circular.
Sinalizou que a USAID, em particular, comparticipou e tencionava comparticipar no trabalho de estudos para a extensão do Corredor do Lobito para a Zâmbia, num montante de 250 mil dólares, mas que isso não põe em causa, de forma nenhuma, aquilo que tem sido o andamento do projecto que está a ser desenvolvido pela África Finance Corporation, em toda a sua dimensão.
O governante disse estar a decorrer os trabalhos preparatórios para que no início de 2026 se possa ter condições para a colocação da primeira pedra do projecto.
O Corredor do Lobito, com uma extensão de aproximadamente mil 344 quilómetros, liga a Costa Atlântica do Lobito à localidade fronteiriça do Luau, na parte oriental do país, atravessando cinco províncias, nomeadamente Benguela, Huambo, Bié, Moxico e Moxico-Leste.
Com as suas fronteiras nacionais e internacionais, o corredor tem um impacto estruturante em todo o espaço da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e afirma-se como um dos principais eixos de circulação de mercadorias.
O Corredor do Lobito, uma rota estratégica para a dinamização das potencialidades da diversificação económica nacional, liga 40 por cento da população do país, potenciando investimentos de grande envergadura na agricultura e comércio.
As cinco provínciais atravessadas pelo Corredor do Lobito desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento agrícola, com cadeias de valor em cerais como milho, soja, trigo e arroz, para além de tubérculos, feijão, legumes e frutas.
O corredor é, internacionalmente, conhecido como a rota dos dois oceanos, dado que liga por terra o Atlântico e o Índico.
Por conseguinte, é a principal rota alternativa para os mercados de exportação de países como a República Democrática do Congo e a Zâmbia, pois oferece uma rota mais curta para as principais regiões mineiras dos dois países encravados pelo Oceano Índico.