O Grupo de Acção Financeira (Gafi), uma organização que luta contra o branqueamento de capitais, anunciou hoje que incluiu Angola na sua “lista cinzenta”, como é conhecida a relação de países que ficam com monitorização reforçada pela entidade.
O anúncio foi feito pela presidente do Gafi, Elisa de Anda Madrazo, no final de uma reunião plenária em que sublinhou que “o processo de inclusão na lista (cinzenta) não é uma medida punitiva”.
“Pelo contrário, trata-se de orientar os países na via da melhoria. Todos estes países trabalharam ativamente com os respetivos organismos regionais e com o Gafi para desenvolver um plano de ação”, acrescentou.
Além de Angola, foram integrados na “lista cinzenta” a Costa do Marfim, Argélia e Líbano.
Esta foi a primeira reunião plenária do Grupo, sob a presidência de Anda Madrazo, e nela participaram representantes de mais de 200 membros da rede mundial e de organizações observadoras, incluindo o Fundo Monetário Internacional, as Nações Unidas, o Banco Mundial, a Interpol e o Grupo Egmont de Unidades de Informação Financeira.
O Gafi explica no seu portal eletrónico que quando coloca uma jurisdição sob monitorização reforçada, isso significa que o país se comprometeu a resolver rapidamente as deficiências estratégicas identificadas dentro dos prazos acordados e está sujeito a uma monitorização reforçada.
O impacto para Angola de estar na lista cinzenta pode ser significativo. Além do escrutínio internacional, o país pode enfrentar maiores dificuldades em atrair investidores estrangeiros, num momento em que o governo angolano tem procurado revitalizar a economia, diversificar as suas fontes de receita e reduzir a dependência do petróleo. O acesso ao financiamento internacional, em especial de organismos multilaterais e mercados financeiros globais, pode também ser condicionado, com exigências adicionais de devida diligência por parte de parceiros internacionais.
A inclusão na lista cinzenta impõe a Angola a necessidade de adotar rapidamente reformas para colmatar as falhas identificadas, sob pena de ver agravadas as suas dificuldades no cenário internacional. A cooperação com o GAFI e com outros parceiros internacionais será essencial para garantir que o país possa sair desta lista e restaurar a confiança no seu sistema financeiro.
Para o governo angolano, esta decisão chega num momento sensível, em que o país procura consolidar reformas no sector financeiro e atrair investimentos estrangeiros em várias áreas, incluindo infraestruturas e indústria. A saída da lista cinzenta dependerá de uma resposta eficaz e célere por parte das autoridades angolanas, que terão agora de trabalhar em conjunto com o GAFI para superar as deficiências e reforçar o seu regime de combate ao crime financeiro.