Empresa egípcia Elsewedy investe 400 milhões USD na Movicel

Depois de concertação com o presidente da República, processo de entrada dos egípcios na Movicel está concluído e já implicou a exoneração da comissão executiva da operadora de telefonia. Injecção será efectuada em duas fases e a prioridade é o pagamento de salários em atraso.

A entrada dos egípcios da Elsewedy Electric na estrutura accionista da Movicel está praticamente concluída, faltando apenas a oficialização do processo nos próximos tempos, com a presença em Luanda do CEO Ahmed Elsewe.

O Valor Económico sabe de fontes da operadora angolana que a entrada dos egípcios foi facilitada pelo Presidente da República, que reuniu com Ahmed Elsewey, em Junho do presente ano, durante o fórum de tecnologia, Angotic.

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A Elsewedy Electric vai assim tornar-se o maior accionista da empresa angolana, com uma participação acima dos 60%, fruto de uma injecção de cerca de 400 milhões de dólares, a realizar-se até ao próximo mês de Outubro, conforme acordado na última reunião entre os accionistas e o conselho de administração da operadora, que teve lugar a 14 de Agosto.

Conforme apurou este jornal, a injecção dos 400 milhões de dólares será feita em duas tranches, sendo que servirá para a cobertura de despesas com o pessoal, como por exemplo o pagamento de mais de sete meses de salário em atraso, e para a reactivação de serviços que, nos últimos anos, perderam qualidade por falta de manutenção e investimento nas infra-estruturas.

A entrada do novo accionista resulta na diluição de acções de vários accionistas, com maior incidência da participação do Estado através do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) que ainda detém 51% e Angola Telecom 18%.

Desde 14 de Agosto, a comissão executiva da Movicel sofreu alterações, passando a ser assumida pela antiga directora comercial, Nádia Lorena Bras, que acumula o cargo com o de coordenadora para área Comercial e Marketing da TV Zimbo, nomeada em 2020 pelo então ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel Homem.

Em falência técnica 

Sem relatórios e contas dos exercícios publicados, a Movicel tem-se arrastado numa falência técnica já há alguns anos, tendo o Estado tentado ‘puxar’ a empresa do buraco em várias ocasiões, através do INSS, com aumentos de capital.

No ano passado, a operadora fechou o exercício com perda de 18.513 clientes. Decresceu de 985.325, em 2022, para os 966.812, passando a deter apenas 3,75% da quota do mercado. Desde 2018, acumula uma perda de 1,4 milhões de clientes e tem actualmente todas as agências das 17 províncias do país encerradas, excepto em Luanda onde tem menos de cinco abertas.

A sua ‘salvadora’, Elsewedy Electric, fundada em 1997, é uma empresa ligada à produção de cabos eléctricos, postes, torres, transformadores, disjuntores eléctricos e acessórios de conexão, bem como na construção, operação e manutenção de usinas de energia. A empresa opera em Angola há 15 anos.

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