A editora ONDAKA lança amanhã, às 16h00, na União dos Escritores Angolanos, em Luanda, a reedição do romance “O Ministro”, da autoria do escritor “Uanhenga Xitu”, pseudónimo literário de Agostinho André Mendes de Carvalho, dentro do vasto leque de actividades que visam saudar o centenário do escritor, que se assinala a 29 de Agosto.
Segundo a responsável da editora ONDAKA, Débora Dias, em declarações, nesta segunda-feira, 12, ao JA, a necessidade de reeditar esta obra surgiu da experiência que têm junto dos clientes da livraria Komutu, em Luanda. Débora Dias contou que faz tempo que os clientes têm solicitado o livro mas sem sucesso.
“Fomos investigar o porquê e descobrimos que não havia edição da obra no mercado desde 2012. Foi para nós uma grande surpresa e tristeza, que uma obra desta importância não tivesse exemplares disponíveis no mercado e que a última edição fosse há tanto tempo”, justificou.
Para o lançamento de amanhã, Débora Dias garantiu que estarão disponíveis um total de 1000 exemplares, tendo avançado que a sua editora pondera reeditar, num futuro próximo, todas as obras do autor, em parceria com a Fundação Uanhenga Xitu, sendo que a próxima obra será “Os Discursos de Mestre Tamoda”.
A reedição do romance “O Ministro”, cuja primeira edição foi lançada em 1989, marca o surgimento no mercado editorial da editora ONDAKA, afecta à livraria e papelaria Komutu. Débora Dias explicou que foi a necessidade de reeditar o romance “O Ministro” que fez nascer a editora ONDAKA, expressão que significa palavra na língua em umbubndu.
“A celebração dos 100 anos de Uanhenga Xitu, naturalmente, vem acompanhado de um momento de reflexão sobre as suas obras. Por isso, no que diz respeito ao mercado editorial, a conclusão é a de que não há livros do autor disponíveis nas livrarias”, observou.
Ainda sobre a ausência de clássicos da literatura angolana nas livrarias, Débora Dias sublinhou que há o risco de a geração futura não ter referências sobre estas obras, caso o quadro se mantiver. Na sua visão como editora e responsável de uma livraria, para que um escritor seja lembrado é preciso ser lido e que para ser lido é necessário que o mercado editorial tenha os livros disponíveis para os potenciais leitores.
“É necessário que os responsáveis da cultura olhem para esta situação. Que se mobilizem esforços para colmatar esta falta. Falamos de Uanhenga Xitu, mas temos inúmeros autores angolanos do seu tempo ou mais antigos, sem obras disponíveis e que já só são referenciados em estudos universitários ou em tertúlias literárias”, manifestou.
A editora defendeu que o sucesso da leitura junto das camadas mais jovens passa necessariamente por uma maior divulgação das obras dos escritores angolanos.