Os preços do petróleo negociam mistos nesta terça-feira, com preocupações sobre o excesso de oferta, assim como com os riscos para a procura decorrentes da guerra comercial entre Pequim e Washington, a pressionar o sentimento dos “traders”.
O Brent, de referência para as exportações angolanas, desvaloriza 0,44% para os 60,77 dólares por barril. Já o West Texas Intermediate (WTI), de referência para os EUA, avançava ligeiros 0,09% para os 57,57 dólares por barril, ainda que estivesse a reduzir alguns dos ganhos.
O crude caiu para o seu valor mais baixo desde o início de maio na sessão de segunda-feira, e tanto o WTI como o Brent passaram para uma estrutura de mercado “contango”, o que significa que os preços para o fornecimento imediato são mais baixos do que para entrega posterior (futuros). Esta situação normalmente indica que a oferta a curto prazo é abundante e a procura está a enfraquecer.
Para Angola, este cenário representa um duplo desafio. Com o petróleo a responder mais de 90% das exportações e a ser a principal fonte de receita fiscal, a queda dos preços para abaixo do patamar crítico de 70 USD por barril, valor necessário para equilibrar as contas públicas, deixa a economia nacional particularmente vulnerável a déficits orçamentais, redução das reservas internacionais e crescente pressão sobre o kwanza.
Os aumentos de produção da OPEP+ levaram os analistas a prever um excedente de petróleo bruto neste ano e no próximo, depois de a Agência Internacional de Energia ter projectado na semana passada um excedente global de quase 4 milhões de barris por dia em 2026.
“O enfraquecimento contínuo da estrutura de ‘spread’ mensal do Brent indica que a pressão do excesso de oferta no mercado de petróleo bruto está gradualmente a materializar-se”, afirmaram analistas da Haitong Securities numa nota citada pela Reuters. “Isso irá diminuir as expectativas do mercado e refrear a vontade dos investidores de perseguir ganhos, limitando o potencial de recuperação dos preços do petróleo”, acrescentaram os especialistas.