O Presidente da República afirmou, nesta terça-feira, 23, em Nova Iorque, ser importante revitalizar a ONU. No seu discurso durante os debates que marcam a 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, João Lourenço criticou a política de invasão de territórios alheios adoptada por algumas potências mundiais.
O Chefe de Estado angolano observou que aquelas potências mundiais que, no passado, jogaram “um papel crucial para a libertação da Europa e dos europeus das garras do nazismo, do fascismo e também para a libertação de África e dos africanos do regime do apartheid da África do Sul não podem comportar-se, hoje, de forma diferente, agredindo outros países, invadindo e anexando territórios alheios”.
Sob forma de denúncia, o também líder da União Africana (UA) disse que tais potências não devem continuar a “financiar e organizar a subversão que pode levar ao derrube de governos legítimos”, como, na sua óptica, se constata actualmente no continente africano.
Com este “precedente perigoso”, considerou, nenhuma instituição regional, continental ou mundial terá, daqui para frente, autoridade moral para chamar à razão a qualquer Estado violador dos princípios que regem a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional.
“Nós, os africanos de países colonizados durante vários séculos, percebemos melhor do que ninguém a importância da paz, por termos de fazer face diariamente à luta para levar alimentos às pessoas, água potável, saúde, educação e outros bens essenciais fundamentais, o que gera uma sensibilidade especial sobre a incidência nefasta da insegurança e da instabilidade sobre a realização dos nossos objectivos e projectos de desenvolvimento”, disse.
O estadista angolano asseverou que, diante destas perspectivas e do valor do multilateralismo, é urgente revitalizar as Nações Unidas, fazendo-as sair da “intrincada situação” em que se encontra, no sentido de se resgatar o papel activo que sempre exerceu ao longo dos tempos e que foi de “utilidade inegável”, para que, durante a Guerra Fria, o mundo não se sentisse tão próximos de uma conflagração global como ocorre neste momento, com a grande dissonância que se verifica nas relações internacionais.
“As principais potências mundiais tendem a caminhar de costas voltadas umas para as outras, distanciando-se dos pontos de convergência mínimos que as fariam manter-se vinculadas ao compromisso de privilegiar primordialmente o diálogo e a concertação”, atirou o Presidente angolano.