Luanda está a ser alvo de uma “operação de cosmética” com vista a apresentar o seu melhor rosto aos visitantes que vêm da América, aos ricos do primeiro mundo que trazem as malas carregadas de dólares americanos, feitos deuses menores na terra.
Pelo que tem sido dado a ver, não estão apenas a mudar o visual da cidade com a limpeza de ruas, as fachadas dos edifícios, dos outdoors e contentores, mas também a erguer muros para esconder as nossas pobrezas e misérias que ferem a alma e os sentimentos de qualquer mortal.
Para os anfitriões, é necessário que os “caméricas” colham de Angola a melhor impressão possível, de que somos um país sem elevados índices de pobreza material e moral. Que não há angolanos a alimentarem-se nos contentores, mas que têm a refeição do dia e não o dia da refeição. Que não existem angolanos a pernoitar nos arredores dos hospitais porque o país já possui uma medicina robotizada, assim como modernas e bem apetrechadas unidades de saúde de referência mundial.
Nesse afã de mostrar o que há de melhor, ou seja, impressionar os “imperialistas” yankees, Angola esforçar-se por ser um espelho de virtudes em matéria de liberdades individuais e colectivas. Que a nossa polícia será uma das mais republicanas, democráticas de África, tolerante, dialogante e respeitadora dos direitos humanos.
A “operação de cosmética” em curso não é, em boa verdade, algo de novo, talvez a sua amplitude e os custos inerentes possam surpreender, mas ela não foge à regra do que se tem observado sempre que o PR visita às províncias do país.
Os “provincianos» gostam de agradar JLo com «operações cosméticas”, que não reflectem a realidade, e, pelos vistos, o PR gosta de ser agradado. Só que desta vez foi o próprio JLo a ordenar esta operação. Ilídio Manuel