O Presidente da República, João Lourenço, considerou crucial, esta segunda-feira, 23 de setembro, a Cimeira da ONU, um encontro que visa examinar em conjunto as melhores estratégias que ajudem os Estados a revigorar e renovar o sistema multilateral, para estarem melhor preparados para enfrentar os novos desafios mundiais e riscos emergentes.
No seu discurso, na 79ª. Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, João Lourenço, exaltou os esforçõs de António Guterres, expressando-lhe felicitações por ter lançado o repto da realização da Cimeira do Futuro, aproveitando ainda a ocasião para destacar, o trabalho exemplar desenvolvido pela República da Namíbia e pela República Federal da Alemanha, na condição de co-facilitadores do processo negocial para a adopção do “Pacto para o Futuro”.
“Esperamos que com a realização desta Cimeira possamos, em conjunto, encontrar mais facilmente as “Soluções Multilaterais para um Amanhã Melhor”. A adopção do “Pacto para o Futuro” representa, sem sombra de dúvida, um verdadeiro ponto de viragem para uma abordagem mais dinâmica, mais comprometida, mais engajada e assertiva de questões importantes para a Humanidade”, lê-se no discurso de João Lourenço.
Disse também que “é nossa convicção que o compromisso político que assumimos aqui contribuirá decisivamente para que o mundo consiga reunir os recursos necessários ao financiamento para o desenvolvimento sustentável e aos esforços de construção de uma nova arquitectura de paz, tendo sempre no centro da nossa abordagem a defesa dos direitos humanos, da igualdade do género e do “imperativo de não se deixar ninguém para trás”.
João Lourenço pede que na implementação deste roteiro global, não se pode deixar de fora a juventude e as mulheres, que são motores vitais de transformação e modernização da Humanidade, uma vez que, o Pacto para o Futuro oferece uma oportunidade para uma participação mais activa, significativa e actuante dos jovens e das mulheres na tomada de decisões a todos os níveis.
“Na nossa investida em torno da construção de um futuro sustentável para todos devemos também colocar como ponto importante o incremento da luta a favor da erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, que é o maior desafio global do nosso tempo e um requisito indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, o acesso à energia, a conectividade digital, a educação, o emprego e a protecção social”, realçou.
Defendeu, por outra, que não se pode realizar as ambições comuns para o futuro e enfrentar este grande desafio sem colocar as pessoas mais pobres e vulneráveis no centro das acções e garantir, desta forma, que nenhum ser humano ou país fiquem para trás.
No domínio da paz e segurança assegurou ser necessário que se evolua para uma arquitectura de paz em que o princípio da segurança partilhada seja defendido e protegido por todos, de modo que nenhum cidadão, Estado, região ou zona geográfica, se sinta protegida à custa da insegurança de outros.
A República de Angola, de acordo com o presidente, defende que não é possível construir-se um mundo equilibrado, seguro e sustentável, em que a dignidade e o acesso às oportunidades sejam um benefício exclusivo de um pequeno grupo de privilegiados, em detrimento da maioria da população mundial.
“Defendemos igualmente a necessidade de se alcançarem consensos sobre a reforma da arquitectura financeira mundial e da arquitectura da dívida soberana mundial, sendo isso crucial para que tenhamos um sistema financeiro internacional mais justo e capaz de servir também os interesses dos países em desenvolvimento”, disse.
Angola, salientou, tem feito nos últimos tempos, uma aposta decisiva e responsável na questão da transição da economia, para a digitalização de todos os processos que a envolvem.
“Estamos convencidos de que, ao darmos este passo, colocaremos as nossas populações e instituições mais próximas e vinculadas aos mecanismos mais modernos de interconexão global da economia e do comércio, reduzindo assim as barreiras geográficas que a economia tradicional impõe”.
Para terminar, manifestou a esperança de que a Cimeira do Futuro contribua para que haja uma maior coordenação na governação económica global, tendo em vista a redução das desigualdades entre os Estados e a promoção de um desenvolvimento sustentável e sustentado, que resolva os problemas da pobreza, da fome, da desnutrição, da insegurança e de outros males que afectam a sobrevivência das populações mais vulneráveis em todo o mundo.