Cantora Valdênia Ernesto defende maior valorização da cultura local

A cantora Vladimira Moyo, conhecida nas lides artísticas por “Valdênia Ernesto”, defendeu, ontem, na cidade de Saurimo, capital da província da Lunda-Sul, a importância da valorização dos ritmos nacionais, sobretudo da Região Leste do país.

Valdênia Ernesto, que foi a grande atracção do primeiro dia do evento, disse que na província há muitos jovens que têm estado a optar por cantar rap, desvalorizando a cultura local. Realçou que são poucas as pessoas que hoje procuram fazer música ao vivo no estilo Tchianda.

A cantora tem estado, desde o início da carreira, a explorar vários estilos musicais da região, entre os quais a Massemba e Kuassa. “Não tenho propriamente um estilo. Como canto com a banda, fizemos de tudo um pouco para valorizar as raízes culturais locais”, afirmou.

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Sobre o Festival Ngeya, disse ser uma experiência muito positiva. “Sinceramente, a experiência foi boa, foi algo único, principalmente para nós que fazemos música ao vivo, o palco já contagia, dá aquela vontade de querer continuar em palco, porque o público é bastante participativo”, ressaltou.

O festival, realçou, tem permitido dar maior visibilidade aos estilos locais e aos próprios músicos. “Foi algo muito lindo mesmo e emocionante”, disse.

O tempo que esteve em palco, Valdênia Ernesto interpretou alguns guethos zouk do cantor Landrick e mergulhou no”Sassa Kurienga”, um tema do grupo Os Moyoenos. Para mostrar a sua criatividade, a cantora revisitou o clássico “Marió” de Francó, na versão de Edmázia Mayembe, e regressou às origens para interpretar o clássico de Gabriel Tchiema “Azulula”, fechando com “Katoka” e “Diamante”, dois temas da autoria da Banda Diamante, que convida outras pessoas a conhecerem a riqueza cultural das Lundas.

Valorização da cultura local

Valdênia Ernesto referiu que ainda existem complexos de inferioridade entre a juventude local, que sentem vergonha de valorizar a cultura Chokwe no seu geral.

Muitos jovens, afirmou, precisam de aceitar a realidade e ajudar a promover os mais variados estilos musicais, os costumes e as tradições identitárias da região. “Precisamos de dar continuidade ao legado dos ancestrais e mostrar a essência da nossa cultura”, defendeu.

A cultura local, disse, é linda e precisa de ser melhor explorada. “A juventude local só se manifesta normalmente quando os outros mostram admiração pelos nossos estilos, o que é uma pena, porque temos o que há de melhor nas  nossas manifestações culturais, cantem, dancem os nossos ritmos, não sintam receio. Tenho orgulho das minhas origens, porque é uma cultura muito linda”, sustentou.

 

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