Um grupo de pelo menos 20 doutorandos angolanos, beneficiários da Bolsa de Mérito (criada pelo Presidente da República, com o objetivo de enviar 300 angolanos por ano para frequentarem mestrados e doutoramentos nas 600 melhores universidades do mundo), enfrenta atualmente sérias dificuldades financeiras em Portugal. Para conseguirem sobreviver, têm sido obrigados a trabalhar na restauração, comprometendo assim o progresso dos seus doutoramentos.
Segundo informações, o período de concessão das bolsas terminou em julho e os doutorandos solicitaram uma extensão para poderem concluir as suas teses. No entanto, passados mais de seis meses desde o envio dos pedidos, continuam sem resposta por parte do INAGBE, que até ao momento não se pronunciou.
De acordo com os estudantes, várias tentativas foram feitas para contactar o instituto e obter esclarecimentos sobre a prorrogação das bolsas, mas sem sucesso. Todos os canais de comunicação parecem estar praticamente encerrados.
Um estudante relatou que, durante uma reunião, um alto funcionário do INAGBE chegou a dizer aos bolseiros: “Vocês estão em Portugal com o dinheiro da bolsa”. Esta declaração, segundo os doutorandos, reflete a falta de preparação técnica e profissional dos responsáveis pelo instituto.
Além disso, denunciam que, durante o processo de prova de vida, que são obrigados a realizar presencialmente todos os anos, são avaliados por pessoas que não compreendem o funcionamento de um doutoramento. Alegam ainda que estes avaliadores desconhecem (ou fingem desconhecer) que vários fatores podem atrasar a conclusão e entrega da tese, sendo comum o pedido de extensão – um procedimento igualmente realizado pelos estudantes portugueses que beneficiam das bolsas da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Face a esta situação, os doutorandos apelam ao atual Ministro do Ensino Superior para que oriente o corpo técnico do INAGBE no sentido de dar seguimento aos pedidos de extensão já apresentados.